Acidentes acontecem. Quedas, atropelamentos, escorregões ou até predisposições genéticas podem comprometer seriamente o sistema locomotor de cães e gatos. Nesses casos, quando o tratamento conservador não é suficiente, as cirurgias ortopédicas se tornam a melhor — e às vezes única — alternativa para devolver a mobilidade, eliminar a dor e garantir qualidade de vida aos animais.
Por isso, compreender quando a cirurgia ortopédica é indicada, quais são os procedimentos mais comuns e como é o processo de recuperação faz toda a diferença para o tutor que busca o melhor para seu pet.
O que são cirurgias ortopédicas em pets?
De forma simples, as cirurgias ortopédicas veterinárias tratam lesões ou deformidades que afetam os ossos, articulações, ligamentos, tendões e músculos dos animais. Elas podem ser realizadas em casos de fraturas, luxações, rupturas ligamentares, displasias, entre outros problemas.
Além disso, é importante destacar que essas cirurgias, embora pareçam complexas, tornaram-se cada vez mais seguras e precisas graças aos avanços tecnológicos, como o uso de placas, pinos e próteses especializadas.
Quando a cirurgia ortopédica é indicada?
A recomendação cirúrgica depende de diversos fatores. Contudo, os casos mais comuns envolvem:
- Fraturas expostas ou com desvio, em que o osso não pode se alinhar sozinho;
- Ruptura do ligamento cruzado cranial, especialmente em cães de médio e grande porte;
- Displasia coxofemoral grave, que compromete os quadris e causa dor intensa;
- Luxações recorrentes, como a luxação de patela;
- Malformações congênitas, que impedem o desenvolvimento normal da locomoção;
- E, ainda, artroses severas, que já não respondem aos tratamentos convencionais.
Portanto, sempre que o animal apresentar claudicação persistente, dor ao se mover ou dificuldade para apoiar os membros, é essencial buscar um veterinário ortopedista o quanto antes.
Como é feito o diagnóstico?
Para uma decisão cirúrgica segura, é indispensável um diagnóstico detalhado. Primeiramente, o veterinário realiza o exame físico ortopédico, observando o padrão de marcha, amplitude de movimento, reflexos e sinais de dor. Em seguida, exames complementares são solicitados, como:
- Raio-X, para identificar fraturas, deslocamentos ou alterações ósseas;
- Ultrassonografia ou tomografia, em casos mais complexos ou articulações delicadas;
- Exames laboratoriais, fundamentais para checar a condição geral do pet antes da anestesia.
Além disso, dependendo da lesão, pode-se realizar uma avaliação biomecânica para planejar o tipo de intervenção mais eficaz.
Como é o procedimento cirúrgico?
O tipo de cirurgia varia de acordo com a lesão e a anatomia do animal. Algumas das técnicas mais utilizadas são:
- Osteossíntese, com placas, parafusos ou pinos, usada para unir fragmentos ósseos;
- TTA ou TPLO, indicadas para correção de ruptura de ligamento cruzado;
- Artroplastia total, com substituição da articulação por prótese;
- Realinhamento patelar, no caso de luxação de patela.
Durante a cirurgia, o animal permanece sob anestesia geral monitorada. Após a conclusão, inicia-se o processo de recuperação, que exige cuidados específicos e acompanhamento constante.
Como funciona a recuperação?
A recuperação de cirurgias ortopédicas pode variar bastante. Em geral, os primeiros dias requerem repouso absoluto, controle da dor e observação cuidadosa dos sinais vitais e da ferida cirúrgica.
Entre os cuidados mais importantes, estão:
- Restrição de movimento, com o uso de gaiolas ou cercadinhos;
- Uso de colar elizabetano, para impedir que o pet lamba os pontos;
- Administração rigorosa de medicamentos, como analgésicos e antibióticos;
- Retornos veterinários regulares, para avaliar a cicatrização óssea;
- E, em muitos casos, fisioterapia veterinária, fundamental para reabilitação muscular e articular.
Além disso, a alimentação adequada, o suporte emocional e o ambiente tranquilo influenciam positivamente no tempo de recuperação.
O pet volta a andar normalmente?
Na maioria dos casos, sim. Contudo, tudo depende do tipo de lesão, da idade do animal, do comprometimento ósseo e, principalmente, do comprometimento do tutor com o pós-operatório. Alguns animais apresentam recuperação total, enquanto outros podem precisar de adaptações permanentes.
Ainda assim, vale ressaltar que o objetivo das cirurgias ortopédicas não é apenas restaurar o movimento, mas também aliviar a dor e devolver a dignidade do animal, permitindo que ele volte a correr, brincar e interagir sem sofrimento.
Conclusão
A cirurgia ortopédica veterinária é um recurso essencial na reabilitação de cães e gatos com lesões no sistema musculoesquelético. Quando indicada corretamente e realizada por um profissional capacitado, pode transformar completamente a vida do pet, proporcionando alívio, liberdade e bem-estar.
Portanto, ao notar qualquer dificuldade de locomoção, dor persistente ou alteração nos movimentos do seu animal, não hesite em buscar ajuda especializada. Afinal, cuidar da mobilidade é cuidar da vida — e seu pet merece caminhar com saúde por muitos anos. Para mais artigos de veterinária, acesse o nosso blog ou acompanhe nossas redes sociais!