I. Introdução
A conformação craniana das raças braquicefálicas (a exemplo de Pugs, Shih-Tzus e Buldogues) predispõe a diversas oftalmopatias. Estes animais possuem órbitas rasas e olhos proeminentes (exoftalmia). Portanto, a superfície ocular fica significativamente mais vulnerável. Duas das condições mais prevalentes e graves são, por conseguinte, a Úlcera de Córnea e a Ceratoconjuntivite Seca (CCS), conhecida como Síndrome do Olho Seco.
Por esta razão, este artigo visa elucidar a conexão entre a anatomia braquicefálica e estas doenças. Além disso, apresentamos as principais estratégias de prevenção. Por fim, descrevemos as terapias mais eficazes no manejo dessas lesões.
II. Desenvolvimento
A. A Predisposição Braquicefálica e o Fator Anatômico
A principal causa da alta incidência de problemas oculares nestas raças é, de fato, a própria anatomia. O focinho achatado e as pálpebras curtas impedem o fechamento completo dos olhos. Esta condição, denominada lagoftalmia, é crônica. Devido a isso, a córnea não recebe lubrificação completa, mesmo durante o sono.
Esta exposição crônica desidrata a córnea. Além disso, ela facilita a ocorrência de traumas. Adicionalmente, a prega nasal proeminente pode causar atrito constante com a córnea. O acúmulo de fatores irritantes, por sua vez, leva à inflamação e, consequentemente, à lesão.
B. Úlcera de Córnea: Diagnóstico e Tratamento
A Úlcera de Córnea é uma lesão na superfície ocular. Ela ocorre especificamente pela perda de tecido na camada externa da córnea. O trauma é a causa mais comum, contudo, a exposição e a secura crônica também contribuem. Os sintomas incluem dor intensa (blefaroespasmo), vermelhidão e lacrimejamento excessivo.
O Médico Veterinário confirma o diagnóstico com o Teste de Fluoresceína. Este corante, portanto, evidencia a área lesionada. O tratamento medicamentoso envolve antibióticos tópicos de amplo espectro. É crucial, por outro lado, o uso do Colar Elizabetano. O colar impede que o animal coce o olho e agrave a lesão. Em úlceras mais profundas, a intervenção cirúrgica, como o implante de enxerto conjuntival, torna-se a única opção.
C. Ceratoconjuntivite Seca (CCS): Etiologia e Terapia Imunomoduladora
A Síndrome do Olho Seco (CCS) é uma doença autoimune. Ela causa a destruição das glândulas lacrimais. Consequentemente, há uma diminuição drástica na produção da porção aquosa da lágrima. A córnea e a conjuntiva ficam ressecadas e inflamadas. Isso gera, ademais, grande desconforto e acúmulo de secreção espessa.
Os profissionais realizam o diagnóstico de CCS com o Teste Lacrimal de Schirmer (TLS). Valores abaixo de 15 mm/minuto indicam deficiência lacrimal. O tratamento primário utiliza imunomoduladores tópicos. O uso de Ciclosporina A ou Tacrolimus estimula a produção lacrimal. Além disso, lágrimas artificiais ou substitutos lacrimais são essenciais. Eles mantêm a lubrificação da superfície ocular de forma contínua.
D. Estratégias Essenciais de Prevenção
A prevenção é o melhor tratamento para raças braquicefálicas. O tutor deve, portanto, manter uma higiene ocular rigorosa. Deve-se limpar o acúmulo de secreções com soro fisiológico diariamente. Além disso, é importante proteger os olhos de fatores irritantes. O contato com fumaça e produtos químicos deve ser rigorosamente evitado.
É fundamental realizar Consultas Oftalmológicas Periódicas. O veterinário, assim, avalia a qualidade da lágrima e a saúde da córnea. Em alguns casos, a cirurgia corretiva precoce (cantoplastia medial) é indicada. Este procedimento diminui a exposição do globo ocular. Assim, ele minimiza o risco de Úlcera e Olho Seco.
III. Conclusão
A Úlcera de Córnea e a Síndrome do Olho Seco representam ameaças constantes aos cães braquicefálicos. O conhecimento sobre a predisposição anatômica é vital. Este conhecimento permite, por conseguinte, ao tutor adotar medidas preventivas eficazes.
Em suma, o manejo dessas condições exige vigilância constante e intervenção especializada. O diagnóstico precoce pelo veterinário, aliado ao uso correto de imunomoduladores e lubrificantes, garante a preservação da visão. Portanto, a prevenção e o tratamento imediato são imprescindíveis para o bem-estar ocular desses animais.
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